segunda-feira, 20 de junho de 2011

Como realizar suas práticas corporais com equilíbrio?

No terceiro encontro do Líderes, falamos sobre empatia!

No momento de prática corporal, voltamos nossa atenção para a coluna. Durante os exercícios, algumas participantes falaram sobre as dificuldades de fazer alguns exercícios físicos. Acabamos compartilhando este tema em roda: como desafiar os próprios limites, procurando sair de uma zona de conforto, mas sabendo respeitar o próprio corpo?

Foi aí que a Márcia falou de um vídeo, que ela assistiu no youtube, que mostra um bebê ensinando ginástica para uma turma de adultos. Muito fofo! Confiram abaixo:



Essa reflexão sobre os limites do próprio corpo também fez pensar em um artigo do escritor Rubem Alves, que questiona se o atletismo e certas modalidades de esportes competitivos são realmente saudáveis:


Você vai assistir à Olimpíada de Pequim?
NÃO

Não vou ver as competições...
RUBEM ALVES

"Ensinou no Departamento de Educação Física da Unicamp um professor português que tinha uma tese curiosíssima sobre o atletismo. Ele dizia que o atletismo faz mal à saúde. Para provar seu ponto, perguntava: ‘Você conhece um atleta longevo? Quem vive muito são aquelas velhinhas sedentárias que tomam chá com bolo no fim da tarde'.

Florence Griffith Joyner, corpo fantástico, só músculos, a mulher mais rápida do mundo, deteve por dez anos os recordes mundiais dos 100 m dos 200 m. Dedicou toda a sua vida ao atletismo. Era o símbolo máximo da beleza olímpica. Um infarto a matou. Os animais não competem.

Não têm interesse em saber qual é o melhor. Se eles pulam e correm, o fazem pelo puro prazer de pular e correr. Minha cachorra Luna, é só soltá-la num campo aberto para que se transforme numa flecha. E eu fico a contemplá-la, assombrado pela performance do seu corpo que nunca fez atletismo. Por que ela corre?

Não é para pegar um coelho. Se corresse para pegar um coelho, sua corrida teria um objetivo prático, racional. Nem corre para provar que é mais rápida que outro cachorro. Se fosse esse o caso, estaria sendo movida pela mais pura motivação olímpica.

Numa Olimpíada, nenhum atleta executa sua atividade pelo prazer de executá-la. Cada atleta executa a sua coisa para provar-se o melhor de todos. O prêmio que o atleta recebe por sua performance não é algo que acontece com o seu corpo, como é o caso da minha cadela que corre pelo prazer de correr.

O seu prêmio é algo abstrato, fora do corpo, medido por números. O atleta só fica feliz quando a fita métrica ou o relógio dizem que a sua marca foi a melhor. Observe os corpos das nadadoras. São máquinas especializadas numa só função, treinadas por anos para derrotar a água.

Pois não é isso que são as provas de natação? Numa competição de natação, a nadadora luta contra a água. A água, sua inimiga, resiste. Ganha a atleta que ficar menos tempo dentro da água. O prazer da nadadora não está na água; está no cronômetro.

O sentido original da palavra ‘estresse' pertence à física, no campo da mecânica aplicada. Para determinar a resistência de um material, é preciso submetê-lo a ‘estresse', isto é, a forças, até o ponto de ele se partir. O ponto em que ele se parte é seu limite.

A competição é essencial ao atletismo porque é só por meio dela que se podem fazer comparações. Comparo vários materiais para determinar sua resistência. Comparo vários atletas para ver qual tem o melhor desempenho quando submetido ao estresse máximo.

O corpo de Florence Griffith Joyner não agüentou. Arrebentou como um fio arrebenta se seu limite é ultrapassado. Se o atletismo é isso, a tese do professor de educação física a que me referi acima está justificada. A competição é uma violência a que o corpo é submetido.

A imagem mais terrível que tenho dessa violência é a da corredora suíça, ao final de uma maratona, algumas Olimpíadas atrás [Los Angeles, 1984]. Chegando ao estádio, o corpo dela não agüentou. Os ácidos e o cansaço o transformaram numa massa amorfa assombrosamente feia.

Ele não queria continuar; desejava parar, cair. Mas isso lhe era proibido: uma ordem interna lhe dizia: obedeça, continue até o fim. Ninguém podia ajudá-la. Se alguém o fizesse, ela seria desclassificada. O locutor, comovido, louvava o extraordinário espírito olímpico daquela mulher.

Ele não compreendia o horror daquilo que ele considerava sublime. A competição, representada no seu ponto máximo pelas Olimpíadas, é o oposto do brinquedo. O brinquedo é uma atividade feliz. Por sua vontade, o corpo não competiria. Ele brincaria.

O corpo não gosta de competições e Olimpíadas porque elas existem sobre o estresse. E o estresse faz sofrer. Os atletas sofrem. Basta observar a máscara de dor nos seus rostos. O corpo vai contra a vontade, empurrado por um tipo que mora dentro da sua alma e que é dominado por uma obsessão narcísica.

Todo pódio é uma celebração do narcisismo. O que o espírito olímpico deseja é levar o corpo aos limites do estresse. E o limite do estresse é a morte. Não vou ver as competições. Mas vi o espetáculo maravilhoso da abertura. E verei o vôlei das meninas. E a ginástica. Porque é bonito... "

fonte: Folha de SP , 09/08/2008

5 comentários:

  1. No Domingo,assisti a maratona de SP e depois fiquei imaginando o que aqueles atletas chamados da "elite" fariam na Segunda-feira para descansar.E na Quinta-feira após o exercício do soldado,pensei no que eu poderia dar,de tudo que aprendi no Educoração,para esses atletas...

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  2. O vídeo é uma pequena amostra do quanto podemos aprender com os pequenos!!

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  3. Realmente, no processo do Líderes do Coração, temos aprendido, com as práticas, a respeitar nosso corpo e a fortalecer a saúde física e emocional!! Nós não competimos com nosso corpo, querendo alcançar padrões impossíveis! Acho que é essa flexibilidade que falta ao corpo do soldado e até no treino de atletas!

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  4. Voces são demais tudo lindo no blog me apaixono por tudo toda vez...amiga não esqueci de você tá em pé nossas entrevistas.... beijão gislaine

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  5. Oba, Gi, que bom! Vou enviar agora um e-mail para todas as líderes, falando das novidades do blog e enviando as perguntas do perfil! Quem não responder por e-mail pode chegar mais cedo no dia do encontro, para nossas entrevistas! beijos!!!

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